"Nas crônicas de Cássia Lopes, verificamos uma predileção pelo rigor na construção da linguagem e pela precisão de cada palavra que descreve paisagens, monumentos, personagens. Desse obstinado rigor, emerge uma das vertentes da escrita de Cássia Lopes: a beleza, constantemente acionada como questão nuclear de O rumor das horas.Em primeira instância, a beleza emerge nas crônicas como resultado de um artefato linguístico que faz aparecer, com nitidez e delicadeza, o contorno de cada objeto, as nuances de cada cenário, a vivificação dos acontecimentos descritos. A concreção das imagens delineia um texto que se configura com fortes tonalidades pictóricas, ressaltando o cromatismo e a forma dos detalhes apreendidos por um olhar capaz de se encantar com as pequenas e estreitas veredas de um telhado, ou com a contemplação dos talos e das folhas de um planta, esperando que dali floresça um orquídea vermelha. Olhar que é capaz de re-encantar o que capta e de ofertá-lo com sensibilidade ao leitor, que também vivencia o encantamento suscitado pela plasticidade das formas organizadas pelo crivo estético da linguagem que captura o vivido e o sonhado. [...]" - Evelina Hoissel.